Relato do Tramas Culturais

Relato sobre o Tramas Culturais por Daniel Bernardinelli

*Imagem: Participantes do Tramas Culturais: Mulheres do Samba e do Axé. Fotografia: Daniel Bernardinelli

Eu tive a sorte de crescer rodeado de mulheres.
Mãe, irmã, primas, esposa, avós, bisavó.
Só tias conto umas dez…
E ganhei muitas mães pelo caminho…
Agradeço à todas elas.
A presença feminina foi, e é, fundamental.

Doces recordações, das coisas que mamãe me ensinou.
E que lhe ensinou a mãe dela, que o saber não ocupa espaço.

A vida é boa professora.
E aos poucos vai me mostrando o sentido da roda.

Não tem muito tempo que reencontrei outra dessas mães.
E direta ou indiretamente ela vem também me ensinando, compartilhando conhecimento.
Despejando o saber, como água despenca da cachoeira.
E resistindo com a força do fluir de um rio. Mas com sutileza.

Essa mãe me fala do samba (e dele eu nada sabia)…
Parece que nessas situações a ancestralidade se impõe.
Quase como se estivesse marcado na gente.

Logo tive o imenso prazer de participar do curso “Mulheres do Samba e do Axé – A valorização da presença feminina e de suas vozes negras na constituição dos sambas como elemento ancestral”.
Com um título desses, já dá pra imaginar o peso.

Quando cheguei, parece que alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho.
Homem, branco. Me senti pequenininho.
Mas fui aberto. A ouvir, e procurar entender.
Hoje, na última aula, só posso respeitar e aplaudir.

Saber que o samba é muito mais que um ritmo.
O Recôncavo e o reconvexo.
É preciso conhecer a história dos negros (mas não essa que os livros de história nos mentiram a vida toda).
Procurar entender o orgulho negro, e proporcionar mais sorrisos negros.
Negro é raiz.
Negra é a matriz.

Musas, pastoras, tias, compositoras, passistas, madrinhas, carnavalescas e intérpretes.
Resistentes guerreiras que colorem e harmonizam na representação desta cultura.
Acho que todos devemos reverenciar e reconhecer a sua força.

Sem a mulher, não há samba!

Muito obrigado Claudinha Alexandre!

Axé!

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