115 anos de Ema Klabin

*Imagem: divulgação

Ema Klabin nasceu em 25 de janeiro de 1907, no Rio de Janeiro, quando seus pais estavam de partida para a Europa.

 

Ainda bebê, fez sua primeira travessia do Atlântico, em direção à Alemanha, só retornando ao Brasil em dezembro de 1908, a bordo do Cap Roca, quando finalmente pôde conhecer a cidade de São Paulo. Esse início de vida incomum já prenunciava uma trajetória marcada pela movimentação constante: “as viagens são um dos grandes prazeres da vida”, afirmava ela.

Ema iniciou seus estudos em Neuchâtel, na Suíça, onde a família permaneceu durante a Primeira Guerra Mundial, e, ao longo da década de 1920, alternou temporadas de estudos em Berlim e na Universidade de Berna com aulas particulares em São Paulo. Após finalizar seus estudos, passou a acompanhar seu pai – já viúvo – em suas constantes viagens. Hospedavam-se em grandes hotéis de luxo nos lagos alpinos, na Riviera francesa, no norte da Itália e em Paris. Essa experiência cosmopolita foi outro traço marcante de sua formação.

Ao assumir o lugar de seu pai na empresa familiar, em 1946, Ema começou a definir um novo modo de vida, que se expressou na persona pública que manteria até o final da vida: a empresária, mecenas, filantropa, colecionadora e viajante incansável, de espírito livre e altivo. Apesar do trato sempre gentil e da fala suave, Ema era decidida.

Muito culta, formou sua coleção sem a colaboração de nenhum curador ou historiador de arte. Os projetos de arquitetura, paisagismo e decoração de sua casa, realizados por profissionais renomados, tiveram grande influência de seu gosto, experiência e senso estético, de forma que quase podemos afirmar que foi uma coautora deles.

Acostumada desde cedo a frequentar ambientes de luxo e círculos sociais exclusivos, Ema acompanhou todas as drásticas evoluções que a moda feminina sofreu ao longo do século XX. A partir dos anos 1950, desenvolveu um estilo próprio e muito particular que a destacava em qualquer ambiente. Em um momento em que as mulheres ainda lutavam por sua emancipação na sociedade, Ema teve a sabedoria de usar a moda como um importante instrumento de expressão e autoafirmação. Por outro lado, fica evidente em suas fotografias que, para ela, a moda também significava muita diversão e abria espaço para alguma excentricidade.

A exposição Ema e a moda no século XX: as roupas e a caligrafia dos gestos apresenta, pela primeira vez, o núcleo de moda da Coleção Ema Klabin, e se insere no tema anual Outras Narrativas. Aborda, de forma instigante, a história da moda do século XX em paralelo a uma perspectiva individual, tratando as roupas e os acessórios de Ema tanto como criações artísticas quanto como documentos relevantes de sua biografia e do período em que viveu.

Paulo de Freitas Costa

Este texto faz parte do Catálogo da exposição Ema e a Moda no século XX: as roupas e a caligrafia dos gestos, disponível para compra na Casa Museu ema Klabin. 

O catálogo, de 32 páginas, conta com textos de Paulo de Freitas Costa, curador da Casa Museu Ema Klabin; Brunno Almeida Maia, curador da exposição; Marcio Doctors, curador da Casa Museu Eva Klabin, no Rio de Janeiro; Manon Salles, pesquisadora ligada a coleções como a do Instituto Zuzu Angel; Hanayrá Negreiros, curadora-adjunta do Masp; Theo Monteiro, assistente curatorial da exposição; Monayna Gonçalves Pinheiro, designer e proprietária da marca Nós mais eu; e Priscila Monteiro, jornalista e relações públicas especialista em moda. As fotografias da exposição são de autoria de Nelson Kon, e o design gráfico de Dárkon Vr.

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Paulo de Freitas Costa

Paulo de Freitas Costa, arquiteto graduado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP - FAU e mestre em História da Arte pela Escola de Comunicações e Artes da USP – ECA, trabalha desde 1997 para a Casa Museu Ema Klabin, onde coordena os trabalhos de catalogação, conservação, pesquisa e difusão da coleção. Foi curador da exposição Universos Sensíveis: As coleções de Eva e Ema Klabin, realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo e no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Em 2007, publicou Sinfonia de Objetos: A coleção de Ema Klabin, pela editora Iluminuras. Faz parte do comitê responsável pela realização dos Encontros Brasileiros de Palácios, Museus-Casas e Casas Históricas, realizado anualmente pelo Acervo Artístico Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.