O “Novo Mundo” e a construção visual
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Palestra online | O “Novo Mundo” e a construção visual
Flavia Galli Tatsch
Quarta-feira, 14 de junho, das 19h às 21h
Gratuito ou contribuição voluntária de qualquer valor
95 vagas por ordem de inscrição
Plataforma Zoom
Imagem: Monogramista bxg (Alemanha, ativo ca 1470-90). Família Selvagem, Gravura, Musée du Louvre, Paris. Collection Edmond de Rotshchild.
Neste encontro, a partir de pesquisas e do texto publicado pela palestrante “O frontispício da carta de Colombo e o início da associação do Homem Selvagem com o indígena” serão abordados os esforços e os artifícios utilizados, por artistas, na representação dos nativos do Novo Mundo.
A notícia da chegada de Cristóvão Colombo às Américas se difundiu rapidamente, desde o momento em que a carta chegou aos reis da Espanha, em março de 1493. Nos meses seguintes versões dessa carta foram impressas em diversas localidades europeias, como em Barcelona, Roma, Florença e na região da Basileia. Algumas edições foram acompanhadas por ilustrações que procuravam fazer ver os atos narrados pelo Almirante. Não existem evidências de que Colombo ou qualquer outro tripulante de sua frota tenha desenhado a fauna, a flora ou os habitantes do continente americano. Assim, as imagens que acompanharam as edições saíram das mãos dos mestres gravadores europeus que não viram como os próprios olhos aquilo desenhavam.
Giuliano Dati, impressor em Florença, traduziu livremente a carta de Colombo para o italiano, suprimindo passagens e inventando outras. Entre as operações de alteração do texto original de Colombo, Dati apresentou os indígenas de forma feroz e atribuiu a eles algo inverossímil: a barba. Essa modificação foi acompanhada de perto pelo gravador da xilogravura que representou um indígena barbado. A partir desse momento, a alteridade indígena foi atrelada a outra europeia: o mito dos homens e mulheres selvagens, criaturas imaginárias que tinham aspecto humano, mas que possuíam longas cabeleiras e pelos que cobriam grande parte dos seus corpos.
Interessados em geral, escritores, artistas, professores, estudantes e pesquisadores.
Flavia Galli Tatsch
Doutora em História pela Unicamp. Professora associada do Departamento de História da Arte da Universidade Federal de São Paulo. Responsável pelo Núcleo de Pesquisa em História da Arte do Laboratório de Estudos Medievais – LEME/UNIFESP. Tem como principais temas de pesquisa: arte medieval; gravuras; transferências e circulações artísticas; mobilidade (pessoas e objetos portáteis) e suas intersecções com o imóvel (afrescos, arquitetura, etc). Membro da Associação Brasileira de Estudos Medievais/ABREM, da Red Latinoamericana de Estudos Medievales e do Comitê Brasileiro de História da Arte.