Plano museológico

Plano Museológico

Plano museológico da Casa Museu Ema Klabin

A Fundação Cultural Ema Gordon Klabin, entidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, iniciou suas atividades em 1997, com a catalogação e a realização de trabalhos de conservação de sua coleção e arquivo. Em 2007, abriu suas portas ao público como uma casa museu, iniciando sua atividade cultural e sua ação educativa. Em 2020, com o redesenho institucional da Fundação, surgiu a necessidade de avaliar e aprofundar os planos anteriores, elaborados em 2015 e 2018, traçando vetores para a atuação futura da instituição.

O Plano Museológico 2021 da Casa Museu Ema Klabin atende à Lei 11.904/2009, regulamentada pelo Decreto 8.124, de 17 de outubro de 2013, que indica o uso de metodologia participativa para a elaboração do documento, ao considerar o próprio exercício de planejamento como oportunidade de reflexão útil para todos os colaboradores da instituição. Dividido em três partes, o plano traça a vocação e a trajetória institucional da Fundação, analisa o momento atual e sistematiza os desafios a serem equacionados nos próximos anos.

Identidade e trajetória institucional

Ema Gordon Klabin (Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1907 – São Paulo, 27 de janeiro de 1994), filha do meio do casal Hessel e Fanny Klabin, imigrantes vindos de Poselva, Lituânia, para o Brasil na última década do século XIX, passou sua infância e juventude em longas temporadas de estudo na Europa (Alemanha e Suíça), alternadas por estadias no Brasil.

Com a morte de sua mãe Fanny, em 1926, e o casamento da irmã, Eva, em 1933, Ema tornou-se cada vez mais ligada ao pai, acompanhando-o em suas viagens e cuidando da casa. Em 1946, pouco antes de sua morte, Hessel doou todos os seus bens às filhas, nomeando Ema para o seu posto na empresa familiar (Klabin, Irmãos & Cia.). Nas décadas seguintes, Ema deu início à sua coleção de arte, construindo sua nova casa, no Jardim Europa, para abrigá-la. Tornou-se uma das grandes anfitriãs da cidade, recebendo personalidades de destaque do mundo da política, dos negócios e das artes.

Grande apreciadora de música e de arte, leitora voraz e frequentadora assídua de concertos e apresentações de teatro, ópera e balé, bem como de exposições em museus e galerias, Ema teve uma relevante atuação na vida cultural da cidade. Contribuiu para a criação do Hospital Israelita Albert Einstein, inaugurado em 1971, do qual se tornaria Presidente de Honra Vitalícia, e participou dos conselhos das principais instituições culturais de São Paulo, além de ter colaborado na criação do Museu Lasar Segall e da Fundação Magda Tagliaferro.

Apesar de ter sido constituída em 1978, a Fundação permaneceu por longo tempo inativa. Após o falecimento de Ema Klabin, em 1994, sua casa permaneceu fechada até o final de 1996, quando o arquiteto Paulo de Freitas Costa foi convidado a formar a equipe de trabalho e dar início às atividades da instituição.

A coleção da Fundação, inteiramente catalogada, totaliza 1.660 peças e 3.554 livros em sua biblioteca, além de 6 mil documentos e 2.133 fotografias do arquivo pessoal de Ema Klabin. Todos esses conjuntos têm sido continuamente pesquisados pela própria equipe, bem como por instituições educacionais e museológicas brasileiras e estrangeiras, no âmbito de parcerias.

De acordo com o conceito museológico desenvolvido ao longo da trajetória da Fundação, ela se define essencialmente como casa museu de colecionador, sendo a casa, a coleção e a memória de Ema Klabin preservadas de forma indissociável.

Missão

A Casa Museu Ema Klabin propõe construir, em conjunto com um público amplo e diverso, um ambiente de experimentação, fruição e diálogo, em consonância com questões relevantes para a sociedade, por meio de ações que preservam, divulgam e expandem o legado representado pela coleção, a residência e a memória de Ema Klabin.

Valores

  • Gestão participativa e profissional
  • Empatia nas relações com equipe, fornecedores, mantenedores, parceiros e visitantes
  • Colaboração com instituições culturais e educacionais
  • Sustentabilidade e participação social

 

No Plano Museológico 2021 apenas os valores foram reformulados e, embora a missão tenha sido mantida, a reflexão foi fundamental para apontar que, numa próxima revisão do plano, maior ênfase poderá ser dada à participação do público na construção das ações institucionais, em sintonia com questões contemporâneas relevantes para a sociedade.

A Fundação Ema Klabin conta hoje com uma estrutura funcional de cerca de 13 profissionais que atuam diretamente na gestão e programação da Casa Museu, além 5 diretores e um Conselho de Curadores composto por 5 integrantes.

Apesar de se fundamentar no patrimônio legado, a Fundação opera no tempo presente e sua essência reside na interação com o público, possibilitada a partir da abertura à visitação e incrementada por uma programação cultural que hoje inclui ações educativas, cursos, palestras, oficinas, espetáculos, publicações, exposições temporárias e intervenções de arte contemporânea.

A coleção reunida por Ema Klabin representa um amplo panorama da história da arte mundial, sob um ponto de vista pessoal. Suas principais características são a abrangência e a diversidade de tipologias, origens e períodos. É composta por pinturas, esculturas, móveis, louças, livros raros, gravuras, objetos etnográficos e arqueológicos de diversos países e quase todos os continentes, em um arco temporal que abrange 35 séculos.

Os núcleos da coleção compreendem Antiguidade Clássica, Arte pré-colombiana, Arte europeia até 1900, Arte europeia do século XX, Arte brasileira até 1900, Arte brasileira do século XX, Arte africana, Arte asiática, Arte das Américas, Artes decorativas e Moda.

Diagnóstico

A partir da construção de uma matriz SWOT, elaborada diretamente pelos colaboradores no contexto da pandemia de covid-19 e do trabalho remoto, foram revelados os principais eixos que trazem desafios, mas também podem apresentar oportunidades de desenvolvimento no que diz respeito à gestão museológica da instituição: a coleção, acessibilidade total, território expandido, abertura para a experimentação, o legado Klabin – Ema e sua família, novas fontes de receita, gestão e governança e políticas como prioridade.

Programas

A terceira parte do plano também segue a recomendação da legislação brasileira de museus, que sugere sua estruturação em programas, com o incremento, sugerido pela consultoria da Gengibre Criativo, de agrupar esses programas em eixos conectores para acompanhamento por equipes de monitoramento, formados pelos mesmos colaboradores que participaram da revisão dos programas.

Assim, os 11 programas em que se divide o Plano Museológico 2021 (institucional, de gestão de pessoas, de acervo, de exposições, cultural, educativo, de pesquisa, arquitetônico, de segurança, de comunicação e de financiamento e fomento), passaram a ser organizados com a seguinte lógica:

Ação e pensamento – envolve os programas vocacionados às áreas-fim da casa museu, com ênfase no acervo, educativo, exposição e pesquisa

Estratégia e movimento – são as áreas-meio, que colaboram com a estrutura, realização e visibilidade das áreas-fim, abarcando comunicação, ação cultural e captação de recursos 

Gestão integrada – envolve o programa institucional, a gestão de pessoas, a edificação e sua segurança

A esses três eixos, se soma o das ações transversais, que compreende os programas de acessibilidade universal, socioambiental e digital.

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