*Imagem: Guga Szabzon
Diante de uma imagem – não importa quão antiga –, o presente não cessa jamais de se reconfigurar (...) Diante de uma imagem, temos, enfim, de reconhecer humildemente: provavelmente, ela sobreviverá a nós, diante dela, nós somos o elemento frágil, o elemento passageiro, e, diante de nós, ela é o elemento do futuro, o elemento da duração. Frequentemente, a imagem tem mais memória e mais porvir do que o ente que a olha.
Georges Didi-Huberman
De Olho na Coleção é um convite a “demorarmos” nosso olhar em um recorte temático da Coleção, aprofundando um tema a partir da seleção de obras que o compõe, possibilitando explorar conteúdos e eixos transversais elegidos entre tantos presentes na Casa-Museu.
A Coleção tem como característica a diversidade, desafiando o olhar atento em face da multiplicidade de facetas que ela apresenta. O constante trabalho de pesquisa sobre a Coleção desenvolvido pelo curador Paulo de Freitas Costa, atualiza as concepções que norteiam o museu a partir de suas diretrizes como Casa-Museu e o Educativo, nesse contexto, desenvolve um trabalho que tem em sua essência e seu fim, a mediação com o público, propondo olhares e reflexões sobre a Coleção e o Museu, ao mesmo tempo em que estimula a uma experiência que associe conhecimento e prazer, na qual o público pode se sentir pertencente a essa instituição.
Nesse processo de investigação, a obra “Dilema” de Guga Szabzon foi o disparador para propormos a visita “Vestígios de um Processo” explorando como eixo temático o processo da artista e a poética da obra, ressaltando as relações desta com a obra “Rebanho e Repouso” de Lasar Segall.
Essa obra inaugurou a série Hóspede, projeto que convida artistas contemporâneos a hospedarem um trabalho na Coleção; para essa edição o trabalho exposto “Dilema”, a artista propôs diálogos com a obra “Rebanho e Repouso” de Lasar Segall.
A partir da pesquisa realizada por Paulo de Freitas Costa para esse projeto, chegamos a palavra “Pentimento”, que designa a percepção de um vestígio que mostra alterações feitas em uma pintura, anteriores a versão final, revelando o processo do artista, seus estudos e mudanças na composição.
O pentimento verificável na obra de Lasar Segall nos levou a discutir esses vestígios de alteração na composição em outras pinturas da Coleção. Durante a visita, o público foi estimulado pela educadora Rosi Ludwig a perceber estudos para o desenvolvimento de uma obra, desvelando processos, mudanças e escolhas dos artistas, podendo perceber relações que permeiam o fazer artístico na arte contemporânea em paralelo ao fazer artístico de outras escolas.
+ do blog:
Cristiane Alves
É Coordenadora do Educativo Ema Klabin, graduada em Educação Artística e pós-graduada em Educação em Museus e em Arte, Crítica e Curadoria. Atua em Educação em Museus há.... bastante tempo! E segue acreditando no potencial da Educação como agente de liberdade. #ELENÃO