A Casa da Rua Portugal

Exposição: A Casa da Rua Portugal

De 23 de agosto a 30 de novembro de 2014

*Imagem: Estudo de fachada com colunas jônicas. Gregori Warchavchik, dezembro de 1951

Até o dia 29 de  novembro a Fundação Ema Klabin apresenta a exposição “A casa da rua Portugal”. Nesta exposição os visitantes podem conhecer a história da construção do imóvel-sede da Fundação, realizada ao longo dos anos de 1950, quando a coleção ainda estava sendo formada.

A exposição também mostra, pela primeira vez, a história do Jardim Europa, traçando um panorama da evolução da arquitetura residencial de elite em São Paulo. 

A exposição apresenta fotos, anúncios e documentos além de muitos projetos inéditos de conceituados arquitetos, decoradores e paisagistas, como Alexandre Albuquerque, Henrique Alexander, Augusto C. de Almeida Lima, André Devèche, Gregori Warchavchik, Alfredo Ernesto Becker, Terri della Stufa e Roberto Burle Marx. 

“Da primeira residência onde Ema Klabin viveu com os pais, em Higienópolis, até a construção de sua casa, no Jardim Europa, a exposição busca analisar e registrar todo o processo histórico, inserindo-o no contexto da evolução urbana e arquitetônica da cidade e contribuindo para a preservação de sua memória. Ao mesmo tempo, traz a público importantes documentos que poderão servir de incentivo a novos estudos de nossa história”, explica o curador da exposição, o arquiteto Paulo Costa.

A pesquisa, que levou quase um ano, traz ainda curiosidades sobre o bairro. Entre elas, uma inusitada caçada a raposa promovida pela Sociedade Hípica Paulista nos anos de 1930.Nesses encontros, um ou dois cavaleiros assumiam o papel da raposa, com uma fita amarrada ao corpo, e vencia quem a pegasse primeiro. O evento terminava na sede da hípica com um chá da tarde e coquetéis de confraternização.

Sobre o Bairro

sobre o bairro

Anúncio publicado em 11/11/1928

O loteamento Jardim Europa foi lançado em 1922 pelo empresário Manoel Garcia da Silva, e foi projetado pelo engenheiro-arquiteto Hippolyto Gustavo Pujol Jr, tendo como modelo o Jardim América, lançado em 1915 pela Companhia City. 

Os contratos de venda dos lotes possuíam um regulamento rígido, que determinava recuos, afastamentos laterais e gabaritos de construção e impedia a construção de muros altos nas divisas dos lotes. O padrão estabelecido era muito superior ao exigido pela Prefeitura, que só iria estabelecer um código de obras abrangente quase duas décadas depois.         Em 1986, o empenho dos moradores trouxe o tombamento dos Jardins  América, Europa, Paulista e Paulistano pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do  Estado (Condephaat), fato que garante a  preservação da vegetação, do traçado das ruas e das linhas demarcatórias dos lotes. As medidas de preservação da região garantiram uma vasta área de densa vegetação que contribui favoravelmente para o clima, a drenagem e a qualidade do ar da metrópole.

O bairro é considerado um dos mais luxuosos de São Paulo, ao mesmo tempo que abriga importantes instituições culturais como Museu da Imagem e do Som (Mis), Museu Brasileiro da Escultura (Mube), Museu da Casa Brasileira (MCB) e a Fundação Ema Klabin (FEK), aberta ao público em 2007. Essas instituições garantem o acesso de toda a população, promovendo diversas ações artísticas e culturais.

A Casa da Rua Portugal

Ema Klabin na fachada de sua residência

Ema Klabin na fachada de sua residência recém construída

A década de 1950 foi marcada por grandes transformações na vida de Ema Klabin. Com o crescimento econômico proporcionado pelo pós-guerra, ela possuía os meios e a liberdade de estabelecer para si um novo projeto de vida, cujas facetas mais importantes eram a construção de uma nova casa e a formação de sua coleção de arte. A casa representava o seu desejo de se aproximar dos parentes e amigos que já residiam no Jardim Europa. A coleção, por sua vez, era a realização de um sonho antigo, agora favorecido pelos preços mais acessíveis da Europa arrasada pelo conflito.

Quando Ema encomendou os primeiros estudos para a casa, em 1950, possuía apenas 5% da coleção final e quando se mudou para a casa, em 1961, já havia adquirido metade da coleção que hoje conhecemos.  Nesses mais de dez anos entre os estudos e a construção da casa vários profissionais renomados deixaram suas marcas na Casa da Rua Portugal, que hoje abriga um dos maiores polos culturais de São Paulo, com shows, palestras, exposições, encontros, a maior parte com entrada franca.

perspectiva da primeira proposta de Burle Marx

Perspectiva da primeira proposta de Burle Marx para o jardim, junho de 1956.

Oficialmente registrada em 1978, a Fundação Cultural Ema Gordon Klabin abriga um valioso acervo de mais de 1500 obras, entre pinturas do russo Marc Chagall e do holandês Frans Post, dos modernistas brasileiros Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Portinari e Lasar Segal;  talhas do mineiro Mestre Valentim, mobiliário de época, peças arqueológicas e decorativas.

Na abertura da exposição, dia 23 de agosto, às 16h30, haverá um recital com o violonista Gabriel Freire.  No repertório, obras de J. S. Bach, Francisco Tárrega, Tedesco, Heitor Villa-Lobos, entre outros.

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