Quarto Principal

Em seu quarto, Ema procurou reproduzir a decoração dos aposentos de Frederico II em Sanssouci, bem como de apartamentos franceses do século XVIII, utilizando cores e formas decorativas do Rococó, período em que o consumo de artigos de luxo e a noção de conforto e privacidade foram introduzidos nas casas particulares abastadas, estimulando a criação de objetos com funções específicas de alto padrão de elegância e perfeição técnica.
Exemplificam esse gosto as peças de mobiliário em estilo Luís XV, como a cama (Itália, séc. XVIII), as escrivaninhas femininas (Áustria e França, séc. XIX) e a lareira com espelho, provenientes de um apartamento parisiense do séc. XIX. O grande destaque vai para a mesa para jogos multifuncional (aparador, carteado, xadrez e toucador), produzida no século XVIII para a casa real portuguesa, com decoração em marfim e bronze dourado.
A antessala reúne diversas pequenas coleções, como a de arte africana (séc. XIX–XX), exposta na entrada, além dos conjuntos de peças de arte pré-colombiana (séc. I–VI) e de peças arqueológicas da antiguidade, expostos nas estantes, entre livros raros e livros de arte. Todas essas peças, deslocadas de suas funções utilitárias, ritualísticas ou artísticas originais, assumem aqui uma função decorativa e de diálogo com a arte ocidental.

A disposição das pinturas deste ambiente sofreu várias alterações ao longo dos anos. Inicialmente, Ema reuniu aqui uma série de pequenas pinturas europeias, como as que ainda se encontram atrás da cama, junto com uma coleção de retratos em miniatura, ícones russos, gravuras e páginas emolduradas de manuscritos iluminados.
No final de sua vida, contudo, quando foi feito o primeiro inventário completo da coleção, Ema trouxe diversas pinturas do modernismo brasileiro de sua casa de Campos do Jordão, alterando significativamente o tom da decoração. A aquisição dessas obras teve início nos leilões realizados em prol do Hospital Albert Einstein, na década de 1960, um período de grande valorização da arte moderna brasileira.
Ao conjunto de telas de diversas fases da obra de Lasar Segall – que Ema adquiriu de sua família para contribuir para a criação do museu dedicado ao artista –, Ema adicionou obras de Di Cavalcanti e Portinari, além de esculturas de Victor Brecheret e Bruno Giorgi.