O trabalho transita por questões que perpassam as relações entre o indivíduo, o território e a intangibilidade da memória, narrada aqui com o intuito de sensibilizar o espaço e criar um ponto de percepção e reflexão sobre paisagens que estão em constantes modificações por razões políticas, culturais e também por manifestações livres dos que as agenciam.
As obras exploram essa transitoriedade como condição de mutação e análise de inscrições flutuantes na memória, que são elementos de uma possível composição estrutural dos indivíduos que recriam seus territórios. São tematizadas questões que envolvem a historicidade do corpo e sua potencialidade, presente na gestualidade do desenho.
As paisagens são apresentadas como simulacro de regiões montanhosas. São constituídas por desenhos de rochas que se transformam em linhas orgânicas e ganham caráter de escrita gestual, decompondo o desenho de observação em traços fluídos, que transitam entre o desenho de memória e a abstração, sinalizando assim as transposições geopolíticas que perpassam as cartografias afetivas do indivíduo.
Nesta exposição virtual, é possível estabelecer a relação entre a formação da coleção – que é permeada por dados históricos e biográficos da colecionadora – com o conceito de memória afetiva, que é apresentado na concepção da série, onde as justaposições de elementos simbólicos organizam narrativas que se referem à passagem do tempo, à permanência e à impermanência.
Esta série é composta por desenhos que foram realizados em grafite, fracionados em folhas A3, que, reunidos, compõem painéis com imagens de montanhas. As peças receberam, no fim do processo, uma veladura de encáustica com parafina que confere aos desenhos um encapsulamento da imagem e ofuscamento, com aspecto aveludado e rochoso em alguns casos.
…
Curadoria: Renê Foch
Comunicação: Henrique Godinho, Lívia Silva e Luiza Lorenzetti
Coordenação Geral: Paulo de Freitas Costa